Depois de Gregório XVI, é a vez de Pio IX nos alertar sobre os deveres sagrados dos sacerdotes, seu papel na defesa da fé, diante de um mundo que rechaça a doutrina católica. Foi para combater o liberalismo, o indiferentismo religioso e o racionalismo que Pio IX escreveu esta encíclica que ora citamos, clamando pela santidade dos padres.

Papa Pio IX

encíclica "Qui Pluribus", (9/11/1846)

Seguindo o exemplo  dos seus predecessores, Gregório XVI, de feliz memória, ao qual substituímos - ainda que com inferior mérito -, desaprovou estas sociedades com uma carta apostólica. Desse mesmo modo, nós também queremos que elas sejam condenadas. A isso aponta aquele sistema horrível e contrário à luz da razão, da indiferença de qualquer religião. Sistema com o qual astutamente - eliminada toda diferença entre vício e virtude, verdade e erro, honestidade e desonestidade - vão inventando que os homens podem conseguir a salvação eterna cultuando qualquer religião, como se a justiça pudesse caminhar em consonância com a iniqüidade, ou pudesse haver uma aliança da luz com as trevas ou um acordo entre  Cristo e Belial. A isso aponta a monstruosa conspiração contra o sagrado celibato do clero, encontrando adesão - oh dor! - de alguns eclesiásticos que, miseravelmente esquecidos de sua dignidade, deixam-se vencer e seduzir pelos encantos e atrativos do prazer.

"Mas visto não haver nada tão eficaz para mover outros à piedade e ao culto de Deus como o exemplo e a vida dos que se dedicam ao ministério divino" (Conc. de Trento, sessão 22, cap. 1) e por via de regra, quais sacerdotes - tal povo, bem vedes, Veneráveis Irmãos, que tendes a trabalhar com o máximo cuidado e diligência para que no Clero brilhe a gravidade de costumes, a integridade de vida, a santidade e doutrina, para que se observe a disciplina eclesiástica com esmero, segundo as prescrições do Direito Canônico, e onde fora frouxa, retorne ao seu primitivo esplendor. Pelo que, bem sabeis, deveis cuidar, segundo preceito do Apóstolo, em não admitir qualquer candidato ao Sacerdócio, mas sim que inicieis nas sagradas ordens e promovais para tratar os sagrados mistérios aqueles que, examinados diligente e cuidadosamente, e adornados com os ornatos de todas as virtudes e ciência, possam servir de ornamento e utilidade às vossas dioceses e que, afastando-se de tudo quanto é vedado aos clérigos e atendendo à leitura, exortação e doutrina, sejam exemplo aos fiéis na palavra, no procedimento, na caridade, na fé, na castidade (1Tim. 4,12) conquistem a veneração de todos...

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