Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Livrai-nos do Comunismo

 Dom Lourenço Fleichman OSB

Enquanto os comunistas acampados dentro da CNBB vão incitando os brasileiros e as crianças das escolas católicas a votarem contra a ALCA, através de manifestos comunistas difundidos nessas escolas, o Brasil vai entrando nas últimas semanas antes das eleições. Quanto à ALCA, sinceramente, não tenho o que dizer, mas não posso deixar de pensar: se a CNBB está contra este acordo de livre comércio, eu, em princípio, sou a favor. Como já escrevi, a CNBB não falha. Está sempre do lado da Revolução.

Quanto às eleições tenho pena de nós brasileiros, as almas que ainda se guiam pela luz do Evangelho, pela luz da doutrina católica, que  vão percebendo, dia a dia, que estamos num beco sem saída.

Este regime político que eles chamam de "democracia" já, em si mesmo, nos afasta da verdade por pretender que toda autoridade vem do povo[1]. Desde os tempos da Revolução Francesa, passando pela Revolução comunista e chegando, hoje, à Revolução do PT, os políticos levantaram-se contra Deus, contra seus princípios imutáveis e sua Verdade Eterna. Erigiram em sistema uma máquina  abominável produtora de corrupção, de ódios, de uma luta à morte por interesses pessoais e de partido, em detrimento do bem comum, do bem da Pátria. Basta olharmos para o governo que termina oito anos de mandato. Conseguiu prodígios econômicos em meio a crises diversas, mas levantou-se tantas vezes contra Deus, votando leis iníquas que legalizaram o aborto, o homossexualismo social, o sexo livre, sem falar da destruição das nossas forças armadas, transformadas em um exército de combate a mosquitos enquanto somos aterrorizados pelos assassinos todos os dias[2].

Dessa democracia nunca sairá um governo decente, pois mesmo um presidente honrado, honesto, sério, que respeitasse a natureza da sociedade e das coisas, seria levado pela desordem institucional de um país onde, como já foi dito, o executivo legisla, o legislativo julga e o judiciário executa. Um país ingovernável por uma Constituição causadora dessa desordem.

Mesmo se hoje já não existe a autoridade espiritual da Igreja Católica, destruída pela "democracia" política e pela "democracia" religiosa que se chama Vaticano II, no entanto é preciso considerar a doutrina de sempre sobre a vida da sociedade para termos uma explicação da falta total de opções e de candidatos nas próximas eleições.

Dois poderes

Ao criar o homem com corpo e alma, corpo material e alma espiritual num mesmo ser, num todo pessoal que nós chamamos "homem", Deus fundou também os princípios da vida social dos homens. A partir da família fundada pelo casamento indissolúvel, célula mater da sociedade, estabeleceu Deus para o governo dos homens dois poderes:

- poder civil, capaz de dar aos homens o bem estar natural, humano, terreno.
- poder religioso, capaz de dar aos homens o seu fim último que é a vida eterna, em Deus.

Cada um desses poderes sendo uma sociedade perfeita, encontra dentro de si mesmo os elementos necessários para alcançar o seu fim:

o estado civil possui :

- a autoridade outorgada por Deus - "Tu não terias poder algum sobre mim se te não fosse dado do alto" (João, 19,11) -  "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (S. Mateus, 22, 21).
- os cidadãos, as instituições, o dinheiro, a organização, necessários para o bem temporal.

Já a Igreja possui :

- a autoridade divina outorgada por Deus - "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (...) E eu te darei as chaves do Reino dos céus; e tudo o que ligares sobre a terra será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra será desatado também nos céus". (S. Mateus 16, 18-19).
- a ordem de Deus para levar o batismo a todos os homens - "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. O que crer e for batizado será salvo; o que porém não crer, será condenado". (São Marcos, 16, 15)
- as instituições, o dinheiro, a organização, necessários para dar aos homens o seu fim último que é a vida eterna.

Dentro de suas atribuições próprias, cada um desses poderes é autônomo, não havendo necessidade nem dos governantes interferirem no que é da vida da Igreja nem, ao contrário, os papas determinarem o que é de pura alçada do governo civil. Porém, como não podia deixar de ser, existe toda uma área onde os dois poderes se encontram misturados, pois a vida é uma só, e a cidade mistura-se com a paróquia, as nações se relacionam também com a Igreja. E é justamente neste ponto que surgem problemas ao longo da história.[3]

O critério que pode ordenar esta zona de intercessão é a análise dos diferentes fins. Como a parte principal do homem é sua alma espiritual, como o fim último do homem é a sua salvação eterna, existe na natureza mesma da sociedade humana uma subordinação do poder temporal ao poder espiritual. Essa subordinação é uma conclusão lógica e racional do estudo da natureza dessas duas sociedades e não cabe aqui a crítica dessa situação, pois seria preciso destruir essa harmonia para fazer desaparecer esta subordinação. Pois foi, exatamente, o que os homens fizeram, com o fim da Idade Média.

Primeiro vieram certos filósofos que começaram a ensinar doutrinas estranhas sobre o modo como o homem conhece e ama. Uma nova visão das coisas e do relacionamento humano foi se inserindo pouco a pouco nos costumes. Passaram-se cem anos até que os homens já estivessem mergulhados numa cultura oriunda dessa filosofia, a que chamaram de Humanismo. Deus começava a perder seu lugar na sociedade. Esse humanismo conheceu um aspecto político-religioso com a Reforma Protestante. A partir daí, as mudanças foram se sucedendo, originando-se uma briga pelo poder, com o Absolutismo, os reis voltando a ocupar um papel quase-divino como no paganismo greco-romano. As reações não tardaram e a Revolução Francesa se espalhou pelo mundo matando e destruindo tudo o que havia de católico. Cada vez mais acuada, a Igreja foi perdendo sua autoridade e os governos foram se afastando cada vez mais de Deus, chegando à escravidão assassina como o Império Comunista e ao materialismo hedonista do consumismo ocidental. E estamos na Democracia. A Igreja já não tem mais poder sobre as nações. Pior. A terrível crise que se abateu sobre ela desviou os chefes da Igreja da sede pela salvação das almas. Toda uma nova religião foi fundada em Vaticano II, com nova doutrina, nova Bíblia, novos ritos, nova lei. E essa Outra Igreja que usurpou o nome e as coisas próprias da Igreja Católica espalhou pelo mundo a idéia de que todas as religiões têm o mesmo valor, têm doutrina capaz de salvar os homens, que cada um tem verdadeira liberdade de escolher a sua religião etc.

O que restou do harmonioso edifício da vida social cristã, baseado sobre a Lei de Deus e servindo eficazmente para o bem comum e para a salvação eterna? Tudo foi destruído. Hoje, todos enchem a boca para falar solenemente na "Democracia", no que é "democrático", como se este moralismo falso que eles inventaram, sem Deus e sem salvação tivesse meios de produzir uma sociedade justa e boa. Não há o que inventar. O homem será sempre o mesmo, com suas fraquezas e seus pecados. E não adianta eles inventarem essa nova moral sem Deus porque o critério do bem e do mal terá sempre em Deus seu fundamento. E na medida em que toda uma civilização se afasta desses critérios, como faz a nossa, ela está condenada à destruição. Se não for por inimigos exteriores, será pela própria desordem dos seus membros, entregues a toda espécie de máfia, corporações ou maçonaria.

Ao contrário, o desenvolvimento de qualquer civilização passa necessariamente pela proteção da instituição familiar e pela prática das virtudes. Só assim pode-se pensar em um futuro melhor. Se pelo menos os homens tivessem ainda a noção de honra e fidelidade presentes em suas vidas não estariam promovendo os piores escândalos, escondidos por detrás das grandes empresas, corporações sindicalistas, governos e sociedades ocultas. Não digo nem que praticassem as virtudes por amor de Deus, virtudes sobrenaturais, vida católica. Mas pelo menos que fossem homens dignos e retos. Mas já não há mais uma sociedade voltada para o bem. Aqui e ali poderíamos encontrar indivíduos ainda de bem, mas eles já não têm mais o apoio do todo, da cidade, das instituições, dos vizinhos de rua.

É dentro de tal ambiente que vamos assistindo a quatro candidatos se golpearem publicamente na ânsia do poder. Todos de esquerda, todos socialistas, uns mais, outros menos. Todos eles adotam a linguagem desse mundo democrático e vendem sua honra por um punhado de votos. Entram nas mais diversas igrejas, assistem ao culto, porque precisam de votos. Apoiam os movimentos homossexuais porque precisam de votos. Fazem aliança com adversários, porque precisam de votos. Nenhum deles parte do princípio de que a eleição deva ser ganha por uma atração do eleitorado às virtudes do bom governante. Nenhum deles se interessa em procurar a verdade, mas acreditam que a verdade é relativa e que é preciso "oposição" para que haja a tal democracia. Por este princípio, deve-se concluir que é preciso que haja o mal junto com o bem para que o homem se realize. Doutrina maniquéia e absurda cuja conseqüência lógica seria a existência de dois deuses, um do bem e outro do mal.

O que fazer?

Se a nossa Capela Nossa Senhora da Conceição, ou a Permanência, tivessem alguma influência, algum acesso à mídia, seria o caso de se fazer uma grande campanha pelo voto nulo, com o objetivo de se alcançar 50% dos votos e com isso anular a eleição. Seria o voto dos que não têm candidato. Não queremos nenhum desses senhores governando o futuro dos nossos filhos. Mas isso seria utópico, sem qualquer chance de se alcançar o objetivo. Ao mesmo tempo, como o país já está há muito tempo tomado de assalto pelo PT, dentro das principais instituições, que sejam financeiras, ministérios, forças armadas, universidades etc., a vitória de Lula seria, como se tem dito pelas esquinas, a chegada do patrão. A Revolução comunista já estará vitoriosa no dia mesmo em que as bandeiras vermelhas forem agitadas comemorando a vitória nas urnas. Não tenhamos ilusões. Se o comunismo do PT vai ser em estilo chinês, aberto ao mercado, ou em estilo cubano, fechado e sanguinário, pouco importa. Todas as instituições de governo desse país serão transformadas sem qualquer chance de reação para os pais de família, traídos pelo delírio da deusa "democracia". Se hoje vemos a demagogia e a inépcia dos governantes no combate ao crime organizado, com suas reuniões, seus cuidados com "direitos humanos" para os deshumanos, os julgamentos e condenações a soldados que arriscam suas vidas para nos proteger, porque a Anistia Internacional não permite que um soldado atire contra um bandido, amanhã, com o PT, estaremos mudos e amuados, como hoje, sem reação, diante da socialização das escolas, dos impostos, das empresas, da polícia etc.

E eis que estaremos num segundo turno tendo que dar nosso voto a um candidato que não merece nossa confiança, para tentar evitar a catástrofe que seria para o Brasil a vitória do PT.

Último recurso

Quando as coisas humanas já estão fora de nosso controle, cabe a todos os católicos recorrerem à Deus. Cabe, hoje, a todos os brasileiros, voltarem-se para aquela que é nossa Padroeira. Se já não temos muito o que fazer para termos um governante digno, peçamos a Nossa Senhora da Conceição Aparecida que faça alguma coisa por nós. Que não permita que a nossa Pátria, nascida sob a sombra da Santa Cruz, regada pelo sangue dos confessores e mártires, mergulhe num tempo de trevas e de vergonha. É preciso reagir com as armas espirituais, com nosso terço, com nossas novenas, para impedir que o Brasil seja tomado de assalto pelos comunistas que hoje se apresentam bonitinhos na televisão, bonzinhos diante dos credores, mas que já avisaram que é tudo balela, tudo mentira. Na hora do Poder, vem o Partidão, o horror, a podridão que desabou no leste europeu e que atrai ainda os intelectuais brasileiros, a turma que está sempre 50 anos atrasada.

Peçamos a Nossa Senhora da Conceição Aparecida que ouça as nossas preces apesar da vergonha que sentimos ao vermos os bispos ensinarem falsas doutrinas e escandalizarem os pequeninos, as crianças, a gente mais simples, com uma linguagem cheia de duplicidade e enganações socialistas.

Nas capelas Nossa Senhora da Conceição, em Niterói e São Miguel, no Rio de Janeiro, a imagem de Nossa Sra Aparecida foi colocada em destaque até que seja definido o destino do Brasil, o que deve acontecer não longe de sua festa, em 12 de outubro. Diante dela rezaremos nosso terço, rezaremos a consagração do Brasil ao seu Imaculado Coração. Ela já fez grandes milagres por nossa Pátria, como em 1964, quando milhões de brasileiros foram às ruas rezando o terço pedindo a nossos soldados que nos salvassem do comunismo. Graças a isso, escapamos até agora. Hoje, em sua arrogância, os inimigos de Deus se sentem seguros da vitória, e certamente achariam ridícula nossa iniciativa. Esquecem que é Deus quem dá a vitória, e por isso ela pode lhes escapar entre os dedos pela força de nossas orações.

Imaculado Coração de Maria, sede a nossa salvação
Sacratíssimo Coração de Jesus, tende piedade de nós.

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[1] cf. Constituição de 1988, art. 1.

[2] Estão nos jornais as notícias referentes aos assassinatos ordenados de dentro do presídio de membros de sua própria quadrilhas, pelo traficante Beira-Mar. E o Secretário Estadual de Segurança ousa ser contra a ação das forças armadas alegando que o Exército não sabe cuidar de presídio! Qualquer criança responderia ao Sr. Secretário: - E o senhor, sabe? Continuamos abandonados.

[3] Caberia aqui a pergunta: quem determinou que o poder espiritual deva ser exercido pela Igreja Católica? Porque não os Protestantes, ou o Islã, ou o judaísmo?

A esta questão que daria a impressão de destruir a doutrina dos dois poderes deve-se responder considerando que a Religião não é um puro sentimento que nos inclina, todos os homens, a prestar um culto a Deus, sendo-nos outorgada a liberdade de escolher o que mais nos agrada. A Religião não parte do homem para Deus.

Ao contrário, ela nos é dada do alto, de Deus, por meio da Revelação, que realizou-se pelos Patriarcas e Profetas no A.T. e se concretizou com a Encarnação do Verbo Divino, em Jesus Cristo, indo terminar com a fundação da Igreja Católica, como aparece claramente nos Evangelhos.

Daí a necessidade de haver uma só Religião, sendo as outras, que não foram dadas por Revelação divina, apenas toleradas. As quatro notas ou propriedades da Igreja provam que só ela é a verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo: ela só é Una, Santa, Católica e Apostólica (cf. www.capela.org.br/Catecismo/fontes1.htm).

Entende-se porque a Igreja Católica possui esse fim de levar todos os homens à vida eterna e ocupa, assim, o lugar de suma importância na vida social de todos os homens.